terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Os Três Reis Magos

Astrólogos do Oriente

Por Patrícia Valente

Os Três Reis Magos são personagens bíblicos que visitaram Jesus quando do seu nascimento, logo após terem avistado no céu a Estrela de Belém. Essa imagem nos é bastante conhecida e familiar. Ocorre que existem informações astrológicas contidas nesse evento que raramente são mencionadas.

O registro mais conhecido sobre os Reis Magos encontra-se na Bíblia, no Evangelho de Mateus 2:1, que os descreve como “homens que estudavam as estrelas”. O texto não menciona seu número, mas foram associados a três por causa dos diferentes tipos de presentes que levaram: ouro, incenso ou olíbano e mirra. Tal concepção surgiu no séc. VII d.C. Já a tradição oriental falava que eram doze.

Quem melhor os descreveu foi S.Beda, o Venerável (673-735 d.C.) em seu tratado “Excerpta et Colletanea”, que disse: “Melquior era um velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas e vinha de Ur, terra dos Caldeus; Baltazar era mouro, tinha quarenta anos e barba cerrada, vinha do Golfo Pérsico; e Gaspar, o mais novo, tinha vinte anos, era robusto e saíra de uma região montanhosa perto do Mar Cáspio”. Com relação aos seus nomes, Gaspar significa “Aquele que vai inspecionar”, Melquior “O Rei é minha luz” e Baltazar “Deus manifesta o Rei”. O termo Reis também foi acrescentado mais tarde. Eles foram nomeados Reis porque antigas profecias diziam que reis prestariam homenagens ao Messias.

O fato relevante é que a palavra mago deriva do latim magus e do grego mágos e significa sábio e sacerdote da Pérsia. Os Mágoi, ou Magos, faziam parte de uma casta sacerdotal detentora de todas as ciências, inclusive as ocultas. Dedicavam-se ao estudo da Astrologia e Astronomia. Tratavam-se de sacerdotes da religião zoroástrica e teriam ligação com Balaão, contemporâneo de Moisés (Números 24:17).

Já a Estrela de Belém foi um evento astronômico com grande significado astrológico que apenas sábios, estudiosos e Astrólogos conheciam e a que essa ocorrência se referia. Mateus chamou-a a Estrela da Palestina.

A Astrologia nesse período tinha um papel muito importante no oriente médio, por isso seria natural associar um evento celeste ao nascimento de Jesus, assim como se associou um eclipse à morte de Herodes e um cometa ao assassinato de Júlio César em 44 a.C. Estrelas em movimento ou cadentes pressagiavam a morte de grandes homens ou nascimento de deuses, como Agni, Buda e Cristo.

Foi Johannes Kepler, Astrólogo, astrônomo e matemático que, em 17 de dezembro de 1603, na cidade de Praga, fez as primeiras associações astronômicas à Estrela de Belém. Ele estava observando em seu simples telescópio a conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes. Essa conjunção fazia com que os dois planetas somassem seus brilhos e se parecessem com uma nova estrela, muito brilhante. Sendo um homem estudioso e postulante a pastor, Kepler lembrou-se do que havia lido num texto do Rab. Abravanel (1437-1508). Os Astrólogos judeus diziam que quando Saturno fizesse conjunção com Júpiter em Peixes o Messias viria. Isto porque sabiam, e os Magos também, que a constelação de Peixes era conhecida como Casa de Israel, era o signo do Messias e sinal do fim dos tempos. Júpiter era a estrela real da casa de Davi e do príncipe do mundo e Saturno, a estrela protetora de Israel, da Palestina no oriente. Assim, eles compreenderam, por meio dos significados astrológicos dos planetas e da constelação envolvidos, que o Senhor do final dos tempos havia nascido.

Essa conjunção durou cinco meses durante o ano 7 a.C. – provável ano efetivo de nascimento de Jesus – de 29 de maio a 08 de junho, de 26 de setembro a 6 de outubro e de 05 a 15 de dezembro e pôde ser vista com grande nitidez e claridade na região do Mediterrâneo. Kepler julgou ter encontrado a Estrela de Belém, mas não levou o assunto adiante.

Foi apenas em 1925 que esse tema voltou a ser estudado. O estudioso alemão Paul Schnabel encontrou registros dessa conjunção em tabuinhas de argila datadas da antiga Babilônia e do período neo-babilônico. Essas pequenas tábuas estão em escrita cuneiforme e são registros astrológicos da antiga Escola de Astrologia de Sippar (Zimbir em sumério, Sippar em assírio-babilônio), atual sítio arqueológico de duas antigas cidades da baixa Mesopotâmia e separadas por apenas sete quilômetros na Babilônia, atual Iraque. Escavações realizadas no final do séc. XIX encontraram ainda os restos de um templo e um zigurate dedicado a Shamash – deus solar, Ebabbar – e o antigo escriba da Escola de Astrologia. Atualmente, essa tabuinhas encontram-se no Museu de Berlim, Alemanha.

Enfim, os Magos, Astrólogos que eram, conheciam bastante bem o significado astrológico desse evento celeste conhecido como Estrela de Belém. Foi por isso que levaram como presentes o ouro, que representa a realeza; o incenso ou olíbano, que representa a fé, a oração que chega a Deus como a fumaça sobe aos céus (Salmos 141:2) e a mirra, resina anti-séptica usada em embalsamamentos desde o Egito antigo, remetendo à morte de Jesus.

Na Catedral de Colônia, Alemanha, existem três caixões revestidos de ouro no altar-mór, transladados da Itália no séc. XII. Desde 1164 os restos mortais ali contidos são atribuídos a Gaspar, Melquior e Baltazar.

Em várias partes do mundo os Magos são festejados e celebrados, inclusive aqui no Brasil. Sua festa é conhecida como a Festa de Santos Reis, importante manifestação cultural brasileira e celebrada todo dia 6 de Janeiro. E não por acaso, esse também é o dia em que comemoramos o Dia do Astrólogo!!

Viva 6 de Janeiro! Viva os Reis Magos!

Patrícia Valenente é astróloga e professora da Regulus Astrologia.
Credenciada da AstroBrasil® desde janeiro de 2004 e membro da CNA – Central Nacional de Astrologia.

Conheça outros artigos da autora em: www.patriciavalente.com.br/artigos/

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